Olá seguidores do
blog:
Hoje
veremos um release de outro ensaio de Umberto Eco sobre a pintura
figurativa, o texto tem o nome de A Ilusão Realística e também se
encontra no livro Sobre Os Espelhos e Outros Ensaios (que já tem o
link para download postado neste blog em publicações anteriores).
Este
ensaio aborda como objeto uma exposição sobre a pintura
desenvolvida durante o nazismo na Alemanha e desenvolve uma crítica
entre as pinturas e a sua função publicitária. A exposição tinha
o nome de Mostra de Arte Nazista, aconteceu em Frankfurt, e Eco trata
especificamente da sua abertura , em 15 de outubro de 1974.
A
exposição tratou com esmero o assunto de complicada abordagem, se
utilizando de textos, contrapontos visuais e documentos de massacres
acompanhando as obras que se mostravam favoráveis ao nazismo.
Conforme Eco, “os organizadores haviam montado uma máquina
didática muito rigorosa”, abrindo precedentes da necessidade de
auxílio didático para uma leitura ampliada das propostas.
Ivariavelmente, a irresponsabilidade de alguns visitantes
descuidados, ainda resultou em comentários como “essa é que era
arte de verdade”.
Eco , a
partir da exposição aponta dois tipos de realismo: um hiperrealismo
norte americano (que seguiu em uma mostra específica em Milão) e
que dava um “efeito mágico”da representação ideal, que não
abordava uma perspectiva moralista, como se as obras dos
nazi-artistas somente estariam associadas ao nazismo por uma
convenção mais atual, e o segundo; a arte do realismo socialista de
cunho soviético que, conforme Eco eram bons ”instrumentos de
persuasão de massa, ainda movidos por uma ideologia política
totalitária.
Exemplo
do hiperrealismo americano na obra de Richard Estes:
Exemplo
do realismo de cunho socialista soviético:
A partir
das afirmações de Eco, podemos perceber como a arte nazista se
ocupa da segunda tendência de forma eficaz. São formas
diferenciadas de realismo, na relação entre a realidade e pintura.
A apresentação destas formas de realismo na arte nazista então se
apresentam com exemplos. O primeiro veremos na obra de Joseph Thorak:
Vimos
aqui o que Eco apresenta como Hiporrealismo que se mostra como a
possibilidade de utilizar a alegoria das formas a favor de uma
ideologia . No caso nazista, nas formas humanas, com a ênfase na
exaltação da masculinidade, dos corpos perfeitos e da representação
acentuada dos genitais masculinos em detrimento das femininas. Essas
representações não são fruto de vontades expressionistas dos
artistas, mas sim, fazem o favor de divulgar modelos idealizados de
homem e mulher, conforme uma concepção ideológica (o poder de uma
sociedade masculinizada, por exemplo).
Eco ainda
afirma que o dito realismo nazista não está preocupado com a
realidade, mas sim com a pintura. Nesse sentido, nem a pintura
nazista, nem o realismo de Estado staliniano são realismo, são
pictoricismos, ou seja, pintam a pintura e não a realidade.
Se ainda
podemos criar relações com o Hiperrealismo americano, a
argumentação de Eco dispõe que a relação da pintura
hiperrealista americana é com a fotografia, com a representações
das distorções de profundidade, sangria e cortes naturais da
fotografia estarem claras na representação pictórica. A diferença
do hiperrealismo com o hiporrealismo é como a relação com a
fotografia ou com a pintura são fruto da consciência ou da
alienação do artista.
Como ouvi
o grande professor Edgar Nolasco um dia citar para um colega de sala:
Se você soubesse o motivo do que faz, não faria.- Acho que esta é
uma boa frase para os ditos “fazedores”.
Algumas pinturas e esculturas da arte nazista:
Estamos
aí, em breve com novas postagens.
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