terça-feira, 13 de novembro de 2012

Para Exposição: Da Tradição, Ranços e Coisas da Origem.

Olá seguidores do blog:

Hoje veremos um release de outro ensaio de Umberto Eco sobre a pintura figurativa, o texto tem o nome de A Ilusão Realística e também se encontra no livro Sobre Os Espelhos e Outros Ensaios (que já tem o link para download postado neste blog em publicações anteriores).

Este ensaio aborda como objeto uma exposição sobre a pintura desenvolvida durante o nazismo na Alemanha e desenvolve uma crítica entre as pinturas e a sua função publicitária. A exposição tinha o nome de Mostra de Arte Nazista, aconteceu em Frankfurt, e Eco trata especificamente da sua abertura , em 15 de outubro de 1974.

A exposição tratou com esmero o assunto de complicada abordagem, se utilizando de textos, contrapontos visuais e documentos de massacres acompanhando as obras que se mostravam favoráveis ao nazismo. Conforme Eco, “os organizadores haviam montado uma máquina didática muito rigorosa”, abrindo precedentes da necessidade de auxílio didático para uma leitura ampliada das propostas. Ivariavelmente, a irresponsabilidade de alguns visitantes descuidados, ainda resultou em comentários como “essa é que era arte de verdade”.

Eco , a partir da exposição aponta dois tipos de realismo: um hiperrealismo norte americano (que seguiu em uma mostra específica em Milão) e que dava um “efeito mágico”da representação ideal, que não abordava uma perspectiva moralista, como se as obras dos nazi-artistas somente estariam associadas ao nazismo por uma convenção mais atual, e o segundo; a arte do realismo socialista de cunho soviético que, conforme Eco eram bons ”instrumentos de persuasão de massa, ainda movidos por uma ideologia política totalitária.

Exemplo do hiperrealismo americano na obra de Richard Estes:


Exemplo do realismo de cunho socialista soviético:

A partir das afirmações de Eco, podemos perceber como a arte nazista se ocupa da segunda tendência de forma eficaz. São formas diferenciadas de realismo, na relação entre a realidade e pintura. A apresentação destas formas de realismo na arte nazista então se apresentam com exemplos. O primeiro veremos na obra de Joseph Thorak:


Vimos aqui o que Eco apresenta como Hiporrealismo que se mostra como a possibilidade de utilizar a alegoria das formas a favor de uma ideologia . No caso nazista, nas formas humanas, com a ênfase na exaltação da masculinidade, dos corpos perfeitos e da representação acentuada dos genitais masculinos em detrimento das femininas. Essas representações não são fruto de vontades expressionistas dos artistas, mas sim, fazem o favor de divulgar modelos idealizados de homem e mulher, conforme uma concepção ideológica (o poder de uma sociedade masculinizada, por exemplo).

Eco ainda afirma que o dito realismo nazista não está preocupado com a realidade, mas sim com a pintura. Nesse sentido, nem a pintura nazista, nem o realismo de Estado staliniano são realismo, são pictoricismos, ou seja, pintam a pintura e não a realidade.

Se ainda podemos criar relações com o Hiperrealismo americano, a argumentação de Eco dispõe que a relação da pintura hiperrealista americana é com a fotografia, com a representações das distorções de profundidade, sangria e cortes naturais da fotografia estarem claras na representação pictórica. A diferença do hiperrealismo com o hiporrealismo é como a relação com a fotografia ou com a pintura são fruto da consciência ou da alienação do artista.

Como ouvi o grande professor Edgar Nolasco um dia citar para um colega de sala: Se você soubesse o motivo do que faz, não faria.- Acho que esta é uma boa frase para os ditos “fazedores”.

Algumas pinturas e esculturas da arte nazista:









Estamos aí, em breve com novas postagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário